No sistema de distribuição de energia elétrica há diferentes tipos de tarifas, que são aplicados a diferentes consumidores, conforme a classe e o tipo de tarifa escolhida. Na postagem de hoje falaremos sobre os principais tipos de tarifas encontrados para cada classe de consumidor.
Tarifas para Consumidores Alimentados em Baixa Tensão
Os consumidores atendidos em baixa tensão, também conhecidos como consumidores de classe B, geralmente recebem tensão nos níveis de 380/220V ou 220/127V. Estes consumidores pagam somente os valores relacionados ao consumo (em kWh), ou seja, tarifa do tipo monômia.
A maioria dos consumidores residenciais utiliza a Tarifa Convencional (monômia), nesse modelo tarifário o valor do kWh consumido é fixo, independente do horário e do dia em que foi consumido.
De forma a modernizar e melhorar a cobrança de energia, a tarifa branca foi regulamentada pela Agencia Nacional de Energia Elétrica em 2016, na Resolução Normativa Nº 733, já falamos sobre isto no nosso post sobre “Tarifa Branca – o que é?”. Nela foi definido que a partir de 1º de janeiro de 2018 novas instalações e instalações com média anual de consumo maior que 500 kWh/mês poderiam aderir a esse modelo tarifário. A partir de 1º de janeiro de 2019, consumidores com média anual de consumo maior que 250 kWh/mês poderiam aderir. E a partir de 1º de janeiro de 2020 qualquer consumidor pode aderir a tarifa branca.
Na tarifa branca há uma diferenciação no valor do consumo conforme horário e dia, que são chamados de postos tarifários. Existe os postos (horários) fora ponta, ponta e intermediário, este ultimo sendo aplicado opcionalmente.
O horário de ponta é aplicado durante um período de 3 horas consecutivas, geralmente aplicado das 18:00 às 21:00, que é o horário de pico de consumo. O horário intermediário pode varias de 1h a 1h30 antes e depois do horário ponta. O horário fora ponta é aplicado em todo o restante do horário em dias úteis, e aplicado integralmente em dias não uteis.
Para se ter uma ideia da diferença entre valores da tarifa convencional e da tarifa branca a tabela abaixo apresenta os valores utilizados pela concessionaria RGE Sul.
*Os valores dados na tabela referem-se às tarifas excluídas de impostos.
Outro fator que acresce na conta de energia elétrica são as chamadas bandeiras tarifárias, que são determinadas principalmente pelo nível dos reservatórios das hidrelétricas, quanto menor o nível dos reservatórios, maior a utilização de usinas termelétricas, e maior o adicional às contas de energia. A tabela a seguir apresenta esse aumento, com base na concessionaria RGE SUL.
Estas são as duas modalidades tarifárias que estão disponíveis para os consumidores residências, mas e o restante como é? Continue a leitura e entenda.
Tarifas para Consumidores Alimentados em Alta Tensão
Os consumidores atendidos em alta tensão, também conhecidos como consumidores de classe A, que são alimentados com nível de tensão superior a 2,3 kV. A estes consumidores é aplicada uma tarifa binômia, onde o consumidor além de pagar pela energia utilizada, deve contratar a demanda que utilizará.
A demanda é um valor de energia contratado que a concessionária deve disponibilizar continuamente no ponto de entrega, dada em kW, e em determinado período de tempo fixado em contrato.
Dentro da classe A existem subgrupos definidos a partir do nível de tensão de alimentação,
· Subgrupo A1 – tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;
· Subgrupo A2 – tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;
· Subgrupo A3 – tensão de fornecimento de 69 kV;
· Subgrupo A3a – tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;
· Subgrupo A4 – tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV; e
· Subgrupo AS – tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema subterrâneo de distribuição.
Para os consumidores de classe A, existe a modalidade tarifária azul e a modalidade tarifária verde. Em ambas o valor do kWh varia conforme o horário de utilização, conforme os postos tarifários (horário ponta, fora ponta e intermediário), as diferenças entre eles são: na modalidade verde há um único valor de demanda a ser contratado, já na modalidade azul é contratada conforme os postos tarifários, e a tarifa verde é aplicável somente aos consumidores dos subgrupos A3a, A4 e A4s.
Outro fator que influencia para a tarifa dos consumidores classe A é se o período do ano é considerado seco ou úmido. O período seco compreende os sete meses de maio a novembro, período onde há menor incidência de chuvas. O período úmido: compreende os cinco meses de dezembro a abril, período onde há maior incidência de chuvas.
Para termos uma melhor noção das diferenças de valores para as tarifas verdes e azul é apresentada a tabela seguinte comparando os custos para a classe A4, conforme dados da Cemig Energia.
Ok, existem tarifas em que os consumidores compram a energia da concessionária de sua região, chamado de mercado cativo, mas isso também pode ser alterado, como? No Mercado Livre de Energia.
Mercado Livre de Energia
O mercado livre de energia é um ambiente onde o consumidor pode negociar a energia diretamente com o agente gerador, podendo negociar até mesmo com múltiplos agentes geradores simultaneamente.
Foi regulamentada em 13 de agosto de 1998, com a Resolução Nº 265 da ANEEL, porém tornou-se atrativa somente nos últimos anos, devido aos incentivos governamentais às fontes de energia renovável como eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) o Brasil tem hoje 30% da sua energia elétrica consumida no mercado livre de energia. Em 2019, os usuários do mercado livre de energia economizaram mais de R$ 200 bilhões, uma redução média anual de 23%.
Atualmente o mercado livre de energia somente está disponível para consumidores da classe A, que possuam uma demanda mínima contratada de 2000 kW, mas consumidores que tenham 500kW de demanda sob mesmo CNPJ podem aderir ao Mercado Livre como consumidores especiais e usufruírem de fontes de energia incentivadas, tendo uma série de vantagens monetárias e ambientais.
O mercado europeu (composto por 27 países) encontra-se totalmente aberto desde 2007, incluindo os consumidores residenciais, e essa característica não é exclusiva de economias desenvolvidas, alguns países da américa latina já possuem regras mais abrangentes do que o Brasil. Há discussões regulatórias que tendem a abrir o mercado a todos os consumidores, mas isto ainda depende de politicas governamentais e regulatórias da ANEEL.
Preço de Liquidação das Diferenças
O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) é o que determina o valor futuro da energia em curtos prazos, é baseado em cálculos matemáticos e estatísticos. A intenção do PLD é conseguir equilibrar os valores para diferentes sub-regiões e encontrar uma solução ótima para o presente uso da água e o benefício do armazenamento para uso futuro, visando manter uma boa reserva nas hidrelétricas, porque estas compõem a maior parte da geração de energia elétrica no pais. A figura abaixo apresenta as sub-regiões utilizadas para o cálculo do PLD.
A partir do PLD que são definidos os valores da energia para cada submercado. Com base nesses valores que são fechados os contratos de compra e venda de energia no mercado livre. Até dezembro de 2020 o PLD era calculado semanalmente pelo CCEE, a partir de 2021 passa a ser calculado diariamente para cada hora do dia seguinte. A tabela abaixo apresenta os valores de PLD para o dia de hoje (21/01/2020), conforme dados da CCEE em 20/01/2020 as 22:00.
Valores expressos em R$/MWh.
Na Fox IoT trabalhamos com inovações tecnológicas para Smart Grids, e estamos sempre atentos às variações e novidades sobre as tarifas no setor elétrico. Entre em contato e conheça as nossas soluções!
Publicado por: ,Leonardo Adam
Eng. Eletricista, Hardware Developer & Application Engineer na Fox IoT.